Anteontem li um artigo de notícia que falava sobre gordofobia da mídia contra Marília Mendonça. Esse artigo mexeu comigo, e eu demorei a dormir, por um motivo: se as pessoas vão reclamar de gordofobia, é melhor que reclamem de nerdofobia.
Na escola, mesmo sendo na minha, sempre fui alvo de zoação (ou bullying) e, mesmo sendo gordo, a zoação por ser gordo nunca me incomodou mais do que a fobia ou zoação por ser nerd. Muitas vezes fui chamado de otário agressivamente por gostar de coisas que são de nerd ou até mesmo ameaçado e agredido fisicamente (como acontece com outras formas de bullying).
Enfim, já que as pessoas e a mídia se sentem tanto na propriedade de defender a gordofobia, me senti no direito de defender a nerdofobia, que sempre achei também forte.
Ser nerd se encaixa no contexto de gostar de atividades indoors (como gostar de livros, mangás, computador ou videogames) tanto quanto no contexto de gostar de atividades tecnológicas e de estudar (ser aplicado), vou focar na segunda porque é mais óbvio o ganho que se tem ao defender os nerds nessa categoria.
Não penso que o governo, que é o responsável, ou a cultura brasileira sejam diretamente contra os nerds. O que acontece, no Brasil, é que há um total descaso com o conhecimento ou com quem gosta de conhecimento. Deixando de lado os cortes na Educação e na Ciência, gostaria de destacar que a cultura nerd tem muito a adicionar no Brasil.
Há uma solução simples para o problema, em especial, nas escolas. Toda escola deveria ter um reduto para que o nerd possa ocupar seu tempo livre escolar. Um lugar aonde o nerd dominasse. Nada mais apropriado do que uma biblioteca, com mesas para que se possa sentar, e salas de estudo. No mínimo uma biblioteca e uma sala de estudos em cada escola.
Nas escolas em que eu estudei não tinha salas de estudos que se pudessem ocupar durante os horários livres (recreios ou outros horários), o que me fazia às vezes ter que ir no SESC mais próximo da escola para estudar em paz. Os outros alunos, às vezes, não deixam que se estude nos locais abertos, e vem, na linguagem popular, mexer com quem está quieto. Sendo que agressão ou resposta física não é a linguagem do nerd nem da sociedade civilizada, sendo ideal um afastamento desse ambiente.
É verdade que, como acontece em outros países, a criação de um ambiente dominado por nerds poderia gerar segregação e mais panelas dentro das escolas, deixando os alunos com mais dificuldades fora da realidade dos estudos, mas é também verdade que essa situação que acontece com quem deseja estudar e se aplicar nas salas de aula é inaceitável.
Já ouvi de outros nerds, em vídeos no YouTube, que o Brasil não é só o país do futebol, mas o futebol é que tem que deixar de ser o país. Pelo menos na minha época (anos 2000), qualquer pessoa que não estivesse jogando futebol ou zoando os outros na escola era otário, e não vejo nenhum motivo pra que tenha deixado de ser otário hoje em dia.
A situação tem que evoluir.
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